A
radiação e silenciosa, quando na tarde de domingo do dia 6 de setembro de 1987 dois
catadores, Roberto dos Santos e Wagner Mota recolhem e levam ao fero velho de
Devair Alves Ferreira uma capsula, sendo aberta com ferramentas rústicas
descobriram um pó parecido com sal de cozinha, com uma cor azul que chamou a
atenção da família e amigos, muitos levaram para mostrar tamanha a beleza, porem, no dia 13 de setembro revelou seu
verdadeiro teor que propaga ate a atualidade, iniciando na Rua 67, Avenida
Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás, hoje sem oferecer riscos de
contaminação, mais com sequelas incalculáveis a famílias das vitimas e a
própria sociedade goianiense.
No entanto a falta de
conhecimento levou ao maior acidente urbano da historia da humanidade com
números incontáveis de vitimas, Goiânia cidade planejada para grandes feitos
não imaginando levar uma catástrofe de níveis mundiais numa esfera social,
econômica, psicológica e política no currículo dessa grande metrópole.
A linha do tempo não perdoa às
falhas humanas, mesmo com uma projeção abrindo o então inóspito relevo de Goiás
para construir Goiânia, a rede publica e privada o governo e a sociedade não
estava preparada para lidar com partículas tão fatais e cruéis como o césio 137, com sintomas comuns como, vômitos, náuseas, diarreia e tonturas, as vitimas eram
aconselhados a retornarem a suas residências, assim aumentando o nível de
contaminados pelo alto teor de radiação com elas. Um elemento higroscópio como
o cesio que absorve a umidade do ar, facilmente aderindo à roupa, pele e
utensílios, contaminando os elementos e o organismo interno.
A esposa de Devair levou parte da
maquina de radioterapia na Vigilância Sanitária, onde permaneceu por dois dias
sem analise, quando relatou a junta medica que os sintomas começaram após a
abertura de uma maquina estranha, sendo no dia 29 de setembro de 1987 foi dado o alerta de contaminação por material
radioativo de milhares de pessoas, acionaram a
Comissão Nacional Nuclear (CNEN), ate então as autoridades do período alegavam
um vazamento de gás, para não causar tumulto e alarme na população geral fora o
fato de estar ocorrendo o GP
Internacional de Moto velocidade no Autódromo Internacional Ayrton
Senna.
Leide
das neves ferreira de 6 anos e sua tia Maria Gabriela faleceram no dia 23
outubro de 1987, vitimas do acidente, segundo o relatório da Agencia
Internacional de Energia Atômica, 112 mil pessoas expostas ficaram de
quarentena no Estádio Olímpico de Goiânia, segundo a AIEA 249 sofreu algum tipo
de contaminação externa ou interna, com a confirmação e realizado os testes de
radiação nas pessoas que tiveram contato ao césio foi realizado uma operação de
limpeza da área afetada, a casa de Devair foi demolida e o terreno teve a
superfície removida, roupas e objetos pessoais que tiveram contato com o césio
foi descartados, roupas utensílios, consultórios médicos tudo condenado pela
radiação o material contaminado resultou em 13,5 toneladas de lixo atômico
embalados em caixas e tambores e enclausurados em 14 contêineres foram
enterrados em uma vala de 30 m fechada por uma parede de concreto de 1 m de
largura, com chumbo areia em camadas para reter a radiação que permanecera
ativa por 180 anos, sobre a qual se ergueu uma montanha artificial que esta
localizado na cidade de Abadia de Goiânia a 24 quilômetros da capital. Com 19
gramas de césio foi gerado 6.000 toneladas de lixo.
Em
1996, a justiça condenou por homicídio culposo três sócios e funcionários do
antigo Instituto de Radiologia (Santa Casa de Misericórdia) a três anos e dois
meses de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços, a
Associação de Vitimas Contaminada pelo Césio 137 lutam contra o preconceito que
existe após 25 anos e para receber os remédios que deveriam ser fornecidos pelo
governo e que não são entregues mostrando um total descaso com as vitimas. Em
1987 alem da descriminação do próprio goiano, o Estado sofria o boicote a
produtos de exportação e nos anos seguintes, consequentemente a queda nas
arrecadações nos cofres púbicos e os gastos com descontaminação de lugares,
assistência às famílias, destino para o lixo atômico, queda nos preços dos
terrenos, suspensão da atividade econômica, esse temor atrasou o
desenvolvimento goiano por anos, atualmente Goiânia vem buscando reativar a
economia e valorização dos bens e produtos.
O
Centro de Cultura e Convenções erguido sobre as ruínas do Instituto Goiano de
Radiologia é um marco da busca na cultura e renovação de uma população dilacerada
pela dor e medo de um inimigo quase invisível e cruel como a radioatividade e o
preconceito a vida.
Texto com base em dados do acidente radioativo de Goiânia.
Por: D.O.D.