quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O azul da estagnação.




  A radiação e silenciosa, quando na tarde de domingo do dia 6 de setembro de 1987 dois catadores, Roberto dos Santos e Wagner Mota recolhem e levam ao fero velho de Devair Alves Ferreira uma capsula, sendo aberta com ferramentas rústicas descobriram um pó parecido com sal de cozinha, com uma cor azul que chamou a atenção da família e amigos, muitos levaram para mostrar tamanha a beleza, porem, no dia 13 de setembro revelou seu verdadeiro teor que propaga ate a atualidade, iniciando na Rua 67, Avenida Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás, hoje sem oferecer riscos de contaminação, mais com sequelas incalculáveis a famílias das vitimas e a própria sociedade goianiense.

 No entanto a falta de conhecimento levou ao maior acidente urbano da historia da humanidade com números incontáveis de vitimas, Goiânia cidade planejada para grandes feitos não imaginando levar uma catástrofe de níveis mundiais numa esfera social, econômica, psicológica e política no currículo dessa grande metrópole.   

  A linha do tempo não perdoa às falhas humanas, mesmo com uma projeção abrindo o então inóspito relevo de Goiás para construir Goiânia, a rede publica e privada o governo e a sociedade não estava preparada para lidar com partículas tão fatais e cruéis como o césio 137, com sintomas comuns como, vômitos, náuseas, diarreia e tonturas, as vitimas eram aconselhados a retornarem a suas residências, assim aumentando o nível de contaminados pelo alto teor de radiação com elas. Um elemento higroscópio como o cesio que absorve a umidade do ar, facilmente aderindo à roupa, pele e utensílios, contaminando os elementos e o organismo interno.

  A esposa de Devair levou parte da maquina de radioterapia na Vigilância Sanitária, onde permaneceu por dois dias sem analise, quando relatou a junta medica que os sintomas começaram após a abertura de uma maquina estranha, sendo no dia 29 de setembro de 1987 foi dado o alerta de contaminação por material radioativo de milhares de pessoas, acionaram a Comissão Nacional Nuclear (CNEN), ate então as autoridades do período alegavam um vazamento de gás, para não causar tumulto e alarme na população geral fora o fato de estar ocorrendo o GP Internacional de Moto velocidade no Autódromo Internacional Ayrton Senna.

  Leide das neves ferreira de 6 anos e sua tia Maria Gabriela faleceram no dia 23 outubro de 1987, vitimas do acidente, segundo o relatório da Agencia Internacional de Energia Atômica, 112 mil pessoas expostas ficaram de quarentena no Estádio Olímpico de Goiânia, segundo a AIEA 249 sofreu algum tipo de contaminação externa ou interna, com a confirmação e realizado os testes de radiação nas pessoas que tiveram contato ao césio foi realizado uma operação de limpeza da área afetada, a casa de Devair foi demolida e o terreno teve a superfície removida, roupas e objetos pessoais que tiveram contato com o césio foi descartados, roupas utensílios, consultórios médicos tudo condenado pela radiação o material contaminado resultou em 13,5 toneladas de lixo atômico embalados em caixas e tambores e enclausurados em 14 contêineres foram enterrados em uma vala de 30 m fechada por uma parede de concreto de 1 m de largura, com chumbo areia em camadas para reter a radiação que permanecera ativa por 180 anos, sobre a qual se ergueu uma montanha artificial que esta localizado na cidade de Abadia de Goiânia a 24 quilômetros da capital. Com 19 gramas de césio foi gerado 6.000 toneladas de lixo.

  Em 1996, a justiça condenou por homicídio culposo três sócios e funcionários do antigo Instituto de Radiologia (Santa Casa de Misericórdia) a três anos e dois meses de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços, a Associação de Vitimas Contaminada pelo Césio 137 lutam contra o preconceito que existe após 25 anos e para receber os remédios que deveriam ser fornecidos pelo governo e que não são entregues mostrando um total descaso com as vitimas. Em 1987 alem da descriminação do próprio goiano, o Estado sofria o boicote a produtos de exportação e nos anos seguintes, consequentemente a queda nas arrecadações nos cofres púbicos e os gastos com descontaminação de lugares, assistência às famílias, destino para o lixo atômico, queda nos preços dos terrenos, suspensão da atividade econômica, esse temor atrasou o desenvolvimento goiano por anos, atualmente Goiânia vem buscando reativar a economia e valorização dos bens e produtos.

  O Centro de Cultura e Convenções erguido sobre as ruínas do Instituto Goiano de Radiologia é um marco da busca na cultura e renovação de uma população dilacerada pela dor e medo de um inimigo quase invisível e cruel como a radioatividade e o preconceito a vida. 

Texto com base em dados do acidente radioativo de Goiânia.
Por: D.O.D.

Um comentário:

  1. parabens pelo seu trabalho isso fio muito importante para vc tenho certeza PQ TAMBEM PARTICIPEI DISSO tenho orgulho de vc

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